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Foto :
Arquivo/Wilson Dias/ABr
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Até o ano passado, Nestor Cerveró vivia como um
rei. Quando era diretor da área Internacional da Petrobras, recebia só de
salário R$ 135 mil por mês — sem contar os R$ 40 milhões em propinas que
admitiu ter embolsado em menos de dois anos. Morava em uma cobertura de 300
metros quadrados em Ipanema, com vista para o mar, e sua única preocupação
financeira era como gastar tanto dinheiro.
Hoje, tudo isso ficou para trás. Com as contas bloqueadas
pela Justiça e uma penca de credores batendo à sua porta, ele junta moedas para
pagar a multa de R$ 17 milhões imposta pela Lava-Jato. Ela vence em 1º de
janeiro. Se não quitar a dívida, sairá da prisão domiciliar que desfruta desde
junho deste ano e voltará para trás das grades.
Sem um tostão, comprou uma briga de família para conseguir o
que, nos tempos áureos, considerava troco. Entrou na 12ª Vara de Órfãos e
Sucessões do Rio de Janeiro para reivindicar R$ 459 mil da herança de seu pai,
que estão com sua mãe, Carmem Cerveró Torrejon de Cuñat de 90 anos, e sua irmã,
Mary Carmem Cuñat Cerveró.
Quando o pai morreu, em outubro de 2013, Cerveró escreveu uma
carta de próprio punho à família abrindo mão da herança, diz a irmã. Ainda
assim, ela relata ter assinado um cheque de R$ 50 mil em favor do irmão. Mary
confessou a “Veja” ter ficado surpresa com a iniciativa de Cerveró de requerer
parte na herança neste momento.
A tentativa é um dos caminhos que o agora delator da
Lava-Jato busca para juntar dinheiro. Quando fez acordo de delação, ele teve
seis apartamentos no Rio confiscados. Pôs todos à venda, mas, com a crise, não
conseguiu vender nenhum. A cobertura em Ipanema está no mercado por 9 milhões
de reais. Não teve ofertas.
Atualmente, Cerveró cumpre a prisão domiciliar em uma casa em
Petrópolis. Além da dívida, problemas mais mundanos o atormentam por lá. Como a
região é montanhosa, sua tornozeleira eletrônica perde o sinal de GPS com
frequência, o que força os funcionários da Justiça do Paraná a lhe telefonar
constantemente para saber se continua no local. Apesar de ele próprio atender o
telefone, os agentes pedem que fique no quintal por pelo menos dez minutos,
para que o sinal seja restabelecido.
Se não conseguir pagar as dívidas, ao menos esse problema
Cerveró não vai mais ter — na carceragem de Curitiba, os agentes poderão
vigiá-lo bem de perto.
Fonte: Jonal da Nova/*As informações são de Veja
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