![]() |
Foto: TV Globo/Divulgação
|
Morreu nesta
quarta-feira (14) o cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, Arcebispo Emérito da
Arquidiocese de São Paulo. Ele estava internado no Hospital Santa Catarina em
decorrência de uma broncopneumonia. Arns estava com 95 anos.
D. Paulo foi
internado no dia 28 de novembro para tratar de problemas pulmonares. Com o
passar do dia o estado de saúde piorou e ele teve de ir para a UTI por causa de
dificuldades na função renal.
Em nota, o
arcebispo Dom Odilo Scherer, da Arquidiocede de São Paulo afirmou: "Comunico, com imenso pesar, que no dia 14 de dezembro de 2016 às
11h45, o Cardeal Paulo Evaristo Arns, Arcebispo Emérito de São Paulo, entregou
sua vida a Deus, depois de tê-la dedicado generosamente aos irmãos neste mundo.
Louvemos e agradeçamos ao "Altíssimo,
onipotente e bom Senhor" pelos 95 anos de vida de Dom Paulo, seus 76 anos
de consagração religiosa, 71 anos de sacerdócio ministerial, 50 de episcopado e
43 anos de cardinalato.
Glorifiquemos a Deus pelos dons concedidos
a Dom Paulo, e que ele soube partilhar com os irmãos. Louvemos a Deus pelo
testemunho de vida franciscana de Dom Paulo e pelo seu engajamento corajoso na
defesa da dignidade humana e dos direitos inalienáveis de cada pessoa.
Agradeçamos a Deus por seu exemplo de
Pastor zeloso do povo de Deus e por sua atenção especial aos pequenos, pobres e
aflitos. Dom Paulo, agora, se alegre no céu e obtenha o fruto da sua esperança
junto de Deus!
Convido todos a elevarem preces de louvor e
gratidão a Deus e de sufrágio em favor do falecido Cardeal Dom Paulo Evaristo
Arns. Convido também a participarem do velório e dos ritos fúnebres, que serão
realizados na Catedral Metropolitana de São Paulo".
Vida
Quinto de 13 filhos de imigrantes alemães, Dom Paulo Evaristo Arns nasceu em 1921 em Forquilhinha, Santa Catarina. Ingressou na Ordem Franciscana em 1939, e iniciou seus trabalhos como líder religioso em Petrópolis, no Rio de Janeiro.
Formou-se em
teologia e filosofia em universidades brasileiras. Ordenado sacerdote em 1945,
ele foi estudar na Sorbonne, em Paris, onde cursou letras, pedagogia e também
defendeu seu doutorado.
Foi bispo e
arcebispo de São Paulo entre os anos 60 e 70. Teve uma atuação marcante na Zona
Norte da cidade, região em que desenvolveu inúmeros projetos voltados para a
população de baixa renda. Em julho deste ano, foi celebrado os 50 anos de sua
ordenação episcopal.
Ao longo de sua
trajetória, trabalhou como jornalista, professor e escritor, tendo publicado 57
livros. Durante a Ditadura Militar, destacou-se por sua luta política, em
defesa dos direitos humanos, contra as torturas e a favor do voto nas Diretas
Já.
Ganhou projeção na
militância em janeiro de 1971, logo após tornar-se arcebispo de São Paulo, e
denunciar a prisão e tortura de dois agentes de pastoral, o padre Giulio Vicini
e a assistente social Yara Spadini.
No mesmo ano,
apoiou Dom Hélder Câmara e Dom Waldyr Calheiros que estavam sendo pressionados
pelo regime militar.
Em 1972 criou a
Comissão Justiça e Paz de São Paulo e, como presidente regional da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), liderou a publicação do “Testemunho de
paz”, documento com fortes críticas ao regime militar que ganhou ampla
repercussão à época.
Presidiu
celebrações históricas na Catedral da Sé, no Centro de São Paulo, em memória de
vítimas da Ditadura Militar. Dentre eles, do estudante universitário Alexandre
Vannucchi Leme, assassinado em 1973, e o ato ecumênico em honra do jornalista
Vladimir Herzog, assassinado no DOI-CODI, em São Paulo, em 75.
Atuou contra a
invasão da PUC em 1977, em São Paulo, comandada pelo coronel Erasmo Dias, à
época secretário de Segurança, e a operação para entregar ao presidente dos
Estados Unidos, Jimmy Carter, uma lista com os nomes de desaparecidos
políticos.
Também teve papel
importante em favor das vítimas da ditadura na Argentina, em 1976. O ativista
de direitos humanos argentino Adolfo Perez Esquivel, ganhador do Prêmio Nobel
da Paz em 1980, disse que foi "salvo duas vezes" por dom Paulo
Evaristo Arns durante a ditadura no Brasil.
Em 1980, acompanhou
a primeira visita do papa João Paulo II ao Brasil, em 1980. Em São Paulo, João
Paulo II falou no estádio do Morumbi para 200 mil operários.
Em 1985, criou a
Pastoral da Infância, com o apoio de sua irmã, Zilda Arns, que morreu no
terremoto de 2010 no Haiti, onde realizava trabalhos humanitários.
Em 28 anos de
arcebispado, criou 43 paróquias, construiu 1200 centros comunitários,
incentivou e apoiou o surgimento de mais de 2000 comunidades eclesiais de base
(CEBs) na capital paulista.
Por seus feitos,
recebeu inúmeros prêmios e homenagens no Brasil e no exterior. Dentre eles, o
Prêmio Nansen do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), o Prêmio
Niwano da Paz (Japão), e o Prêmio Internacional Letelier-Moffitt de Direitos
Humanos (EUA), além de 38 títulos de cidadania.
Sua biografia foi
relatada em dez livros, sendo o mais recente lançado em outubro deste ano, no
Tuca, teatro da PUC, na Zona Oeste de São Paulo, durante uma homenagem pelos 95
anos de Dom Paulo.
Fonte: G1
0 comentários :