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Senador Jorge Viana. Foto: PT no Senado
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O próximo presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), substituto
de Renan Calheiros (PMDB-AL), foi protagonista de críticas à Operação Lava
Jato, em especial ao juiz federal Sérgio Moro. Em gravação divulgada por Moro
em março deste ano, Viana conversava com o advogado Roberto Teixeira, que
defende o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e disse que o juiz agia fora
da lei ao autorizar a condução coercitiva de Lula. ‘Quem age fora da lei é
bandido’, disse o senador.
Na interceptação autorizada pela Justiça, Viana sugeriu
que Lula confrontasse o juiz responsável pelas ações da Lava Jato em primeira
instância. Na ligação, o senador propôs estratégias para que Lula
enfrentasse Moro, o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF).
As interceptações telefônicas gravadas pela
PF começaram no dia 19 de fevereiro e continuaram até 16 de março. No dia
4 de março, dia em que o ex-presidente Lula prestou depoimento – quando foi
levado em condução coercitiva – Jorge Viana propôs ao advogado que Lula subisse
o tom com o juiz.
“Chamar uma coletiva, dizendo que ele [Lula] não aceita mais
que ele [Moro] persiga a família dele, porque ele tá agindo fora da lei. Se ele
[Lula] quiser agora vim prendê-lo, que venha. Se ele [Moro] prender, o Lula
vira um preso político e vira uma vítima, se não prender, ele também se
desmoraliza. Tem que virar o jogo agora”, disse o senador na ligação que durou
pouco mais de sete minutos.
“Se o Lula colocar como o defensor da família dele, da
mulher, dos filhos e desafiar e dizer que eles tão agindo fora da lei, como
agiram hoje fora da lei, quem age fora da lei é bandido e dizer: vocês são
bandidos, agiram fora da lei”, disse. “Se o presidente Lula fizer isso,
ele vai virar e vai deixar de ser uma ação jurídica para se tornar uma ação
política. O presidente Lula precisa transformar esse confronto numa ação
política. Eles estão se rebelando, só dizendo que não aceitam mais o Moro, que
agora, se ele mandar um ofício, ele não vai, e dizer que ele está agindo fora
da lei, chamar de bandido”, completou.
Na mesma conversa, Viana também atacou um dos delegados
da PF que integrava a equipe da Lava Jato, Maurício Moscardi, que atuou também
em 2009 da Operação G7 que tinha como alvo um esquema de fraudes no
governo do Acre. Viana afirma que o delegado é um “inimigo do PT” e que no Acre
fez uma “operação contra o PT”.
Em nota à imprensa na época, Viana disse que
o momento era de arbitrariedade e que as garantias estabelecidas pela
Constituição foram desrespeitadas com a divulgação de ligações telefônicas.
“A conversa do Senador com o advogado foi tão somente no sentido
de passar sua opinião sobre o ato arbitrário que chocou o país praticado contra
o ex-presidente, e também de passar a opinião de que o ex-presidente Lula e sua
família estavam sendo vítimas de uma verdadeira perseguição”, dizia a nota.
Os áudios vieram a público na mesma ação em que o juiz
Sérgio Moro retirou o sigilo de interceptações telefônicas do ex-presidente
Lula, incluindo uma conversa dele com a então presidente Dilma Rousseff.
Nota do senador:
“NOTA OFICIAL
Gabinete do Senador Jorge Viana
Sobre esse momento de
arbitrariedade em que as garantias estabelecidas pela Constituição são
desrespeitadas e sobre grampos telefônicos, esclarecemos o seguinte:
1) custou caro para nosso
País conquistar a democracia, que é tão recente. É lamentável ver materializado
o descumprimento da Constituição e das leis no País por alguns agentes públicos
que deveriam respeitá-las;
2) em relação à ligação
telefônica com o advogado do ex-Presidente Lula, Roberto Teixeira, a atitude do
Senador foi inspirada na manifestação à imprensa do Ministro Marco Aurélio
Mello, do Supremo Tribunal Federal, que declarou que a condução coercitiva do
Presidente Lula era um ato arbitrário e que desrespeitava os princípios
estabelecidos na Constituição. A conversa do Senador com o advogado foi tão
somente no sentido de passar sua opinião sobre o ato arbitrário que chocou o
País praticado contra o ex-Presidente, e também de passar a opinião de que o
ex-Presidente Lula e sua família estavam sendo vítimas de uma verdadeira
perseguição;
3) não há nada de mais na
conversa gravada, o que se questiona é a legalidade da gravação.
Lamentamos que estejamos
vivendo uma inversão de valores no País que põe em risco o ambiente de paz que
duramente conquistamos. A crise política e econômica só será vencida pelo
diálogo e pelo respeito à lei e a Constituição”.
Fonte: Parana Portal
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