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Foto: Reprodução |
Há quase um mês a Justiça tenta, sem sucesso, esvaziar a
carceragem da delegacia de Almirante Tamandaré, na região metropolitana de
Curitiba.
Determinada em 18 de setembro após a fuga de dois presos, a
ordem já foi cumprida em boa parte, mas ontem o local ainda abrigava alguns
detentos, segundo apurou o Metro Jornal.
A situação desta delegacia ilustra o atual sistema
carcerário do Paraná: para que os presídios funcionem, o excedente de presos –
mais de 9 mil, um terço dos cerca de 30 mil detidos no Estado – é colocado nas
celas de delegacias, o que gera conflitos entre o governo e as entidades
policiais, em alguns episódios com o apoio do Judiciário.
Um dos problemas mais lembrados pelos policiais são as
fugas: segundo a Adepol (Associação dos Delegados de Polícia do Estado do
Paraná), do início de 2016 até o momento 1.266 presos escaparam das
carceragens, o que dá uma média de dois detentos por dia voltando às ruas. A
Sesp (Secretaria da Segurança Pública) não reconhece este número e afirma que
registrou, em 2017, 311 fugitivos, uma média de 1,1 ocorrência por dia.
De qualquer forma o problema, de acordo com os policiais,
vai além dos efeitos mais visíveis. “Você pensa que a superlotação só incomoda
a vizinhança pelo risco de fuga? Aqui na delegacia ficam presos de outros
municípios. Quando eles recebem visita, não costuma ser mãe ou esposa, como no
presídio, e sim comparsas ou parentes que estão no mundo do crime. Você vê um
aumento da criminalidade na região em dia de visita, é impressionante”, diz um
delegado da região metropolitana de Curitiba, que preferiu não se identificar.
Em Almirante Tamandaré, a fuga de dois homens ocorreu quando
a delegacia comportava 46 presos em um espaço para oito, o que foi o estopim
para a juíza Inês Marchalek Zarpelon determinar primeiro a interdição de uma
das celas e, uma semana depois, de toda a cadeia. “Revela-se urgente adotar
medidas no intuito de desafogar aquele ergástulo [masmorra], eis que não
somente os presos correm risco, mas também os investigadores plantonistas,
servidores públicos (…), além dos moradores próximos, pois a Delegacia de
Polícia divisa com duas residências, cujas propriedades, inclusive, foram
utilizadas para a fuga dos custodiados no dia 18”, escreveu a juíza na ordem de
interdição.
Procurada, a Sesp afirma que cerca de 150 presos por semana
são retirados das delegacias para o sistema prisional, e lembra “que quando o
atual governo assumiu havia 16 mil detentos em carceragens”, contra os menos de
10 mil hoje.
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