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Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Provo |
Maior processadora de alimentos do Brasil, a BRF - que
surgiu da fusão entre Sadia e Perdigão - atravessa um dos momentos mais
delicados de sua história de quase dez anos, com prejuízo acumulado de R$ 1,1
bilhão somente em 2017.
Tanto que o empresário Abilio Diniz convocou para a próxima
segunda (5) a reunião do Conselho de Administração da companhia para debater
sua destituição.
Ele respondeu à solicitação dos fundos de pensão Petros
(Petrobras) e Previ (Banco do Brasil), detentores de 20% do controle da maior
processadora de alimentos do Brasil. Abilio se queixou da forma como o debate
sobre a gestão da BRF está ocorrendo.
Os fundos haviam pedido a substituição dele e de todo o
conselho da empresa em carta no sábado (24). Eles estão insatisfeitos com a
gestão da empresa. No comando do conselho desde 2013, o empresário experimenta
uma série de notícias negativas desde o ano passado.
“Não gosto de explicações, mas de resultados. E os
resultados da BRF não são bons. Entendo a posição dos fundos, sua necessidade
de informar seus cotistas, e compartilho da insatisfação de todos os acionistas
com os resultados da empresa. Mas discordo das ações, da forma e do momento em
que estão se manifestando”, disse Abilio, em nota.
Ele alegou que o assunto foi tratado anonimamente “via
imprensa” e reclamou da falta de diálogo.
A Operação Carne Fraca, que apurou irregularidades em
frigoríficos, atingiu a empresa em abril. Um conselheiro politicamente
importante, Aldemir Bendine (ex-BB e ex-Petrobras), deixou a posição e acabou
sendo preso depois pela Operação Lava Jato. E a delação da JBS revelou que dois
ex-conselheiros da empresa agiam como infiltrados da rival, visando facilitar a
venda da BRF.
Além disso, houve problemas de gestão. O braço direito de
Abilio teve de deixar uma vice-presidência por ter sido condenado por fraude em
segunda instância, num caso sem relação com a BRF. E o presidente da empresa,
Pedro Faria, caiu, sendo substituído em dezembro por José Drummond.
Faria, oriundo do fundo Tarpon (7,26% da BRF), foi aliado de
Abilio (3%) ao longo de seu mandato, quando a empresa teve valorização e chegou
a vender ações a R$ 70. Nesta segunda (26), elas eram negociadas a R$ 28,60,
mesmo nível de 2011. Depois do tombo de 8,33% da sexta, posterior à divulgação
do prejuízo de 2017, as ações estão em leve alta, na expectativa de uma
definição da disputa no conselho.
Abilio e Tarpon estão, segundo informações de executivos da
área, com relações frágeis. Fundos estrangeiros como o Aberdeen (5%) estão
alinhados com Petros e Previ, assim como provavelmente os acionistas
minoritários oriundos das famílias que controlavam a Sadia, a marca que foi fundida
em 2009 com a Perdigão e deu origem à BRF, sob as bênçãos do governo Luiz
Inácio Lula da Silva (PT).
é de não intervir em favor de Abilio, como ocorria durante o
governo Dilma Rousseff (PT) e até o ano passado sob Michel Temer (MDB).
Abilio defendeu a nova diretoria-executiva da empresa. “Após
imersão profunda, esse time construiu um plano de ação aprovado e elogiado pelo
conselho no último dia 22 de fevereiro. Mas não foi sequer dada a chance aos
acionistas de conhecerem o novo plano, que deveria ser detalhado no BRF Day nos
dias 7 e 8 de março”, queixou-se. “Reitero que toda a minha ação será focada na
defesa dos interesses da companhia e de seus acionistas”, completou o
empresário.
Fonte:
http://www.gazetadopovo.com.br
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