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Foto: DIVULGAÇÃO / PFIZER |
A descoberta, feita ao acaso pela ciência que investigava
medicação para pressão alta, permitiu a milhões de homens reativar sua vida
sexual. Especialistas ouvidos pela Agência Brasil consideram
que a oferta desses gêneros de medicamentos impactou a sociedade. “Foi uma
revolução sexual como a pílula [disponível a partir da década de 1960] causou
na mulher”, avalia Carlos da Ros, chefe do Departamento de Sexualidade e
Reprodução da Sociedade Brasileira de Urologia.
“Foi uma revolução sim”, concorda o também urologista Osei
Akoamo Jr. “Trouxe de volta uma população que podia ter uma atividade
sexual rotineira de qualidade”. Em sua opinião, a medicação permitiu a casais
que sofriam com o problema a “felicidade do ponto de vista sexual”.
Além de mudar o comportamento, o advento da medicação contra
a disfunção erétil estabeleceu para a ciência novos paradigmas, assinala Lucio
Flavio Gonzaga Silva, cirurgião-urologista e professor aposentado da
Universidade Federal do Ceará. Segundo ele, décadas antes da venda de
medicamentos “a disfunção erétil era tratada como problema de fundo
psicológico. A ciência não sabia como se processa a via metabólica da ereção”.
Princípio ativo
O urologista Carlos da Ros acompanhou de perto a evolução da
pesquisa científica na área e participou de estudos de eficácia e tolerabilidade
do fármaco citrato de sildenafila feitos no país e outras partes do mundo ainda
em 1996.
O princípio ativo testado resultou dois anos depois no
pioneiro Viagra (da empresa norte-americana Pfizer) e hoje, após a quebra
de patente em meados dessa década, está disponível em medicamentos fabricados
por mais de 20 laboratórios instalados no Brasil, conforme consulta à página de
produtos regularizados no portal da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa.
Além do citrato de sildenafila, há no mercado outros
medicamentos registrados pela Anvisa com princípios ativos diferentes e a mesma
finalidade como os fármacos de tadalafila, vardenafila, e carbonato de
lodenafila.
Segundo Carlos da Ros, os homens mudaram de atitude após a
venda desses medicamentos. “O tabu era muito forte, uma coisa cultural. Era
muito difícil os pacientes chegarem no consultório e dizer ‘estou impotente’.
Esse tabu caiu por água baixo. Isso fez com que os homens ficassem mais
tranquilos e logo depois do aperto de mão na consulta dissessem: ‘olha meu
problema é sexual’”.
“Não tem que ter vergonha em absoluto”, testemunha
o funcionário público aposentado Cruz de Almeida, 68 anos, que prefere ser identificado
sem o prenome. “A tendência é conversar melhor cada dia. Até recentemente as
pessoas costumavam esconder. Escondendo as coisas você não vai ter um
tratamento adequado”, opina Almeida que toma 10 miligramas diárias de
tadalafil.
O médico Lucio Flavio Gonzaga Silva calcula que por ano um
milhão de homens passem a ter que consumir medicamentos contra a
disfunção erétil. De acordo com nota do Sindicato da Indústria de Produtos
Farmacêuticos no Estado de São Paulo, o Sindusfarma, entre novembro de 2017 e
outubro de 2018, foram vendidos 68,32 milhões de comprimidos contra impotência
sexual.
Conforme dados auditados pela consultoria IVQVIA, nesse
período as vendas desses medicamentos somaram R$ 560 milhões. O valor equivale
a uma participação de 0,91% no mercado total de remédios no país.
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